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segunda-feira, 10 de outubro de 2005

[águia no divã]

Ela voa alto, tem garras poderosas, um bico num formato perfeito para a predadora que é. Não desce das suas alturas por nada: age sempre calculadamente, e sua visão, por ser tão poderosa, lhe dá o privilégio de só descer à Terra quando tem certeza: seu risco é calculado, e só desce em busca de uma presa se for a presa certa. Uma águia não aceita um não como resposta, por isso, plaina, liga seus binóculos internos, reativa-os na superfície de sua retina e desce, mas só desce se for a vítima certa.

Ela é altiva, poderosa e sua visão lhe dá o ar de onipresença. Uma águia está em todos os lugares. Até os outros pássaros que vivem igualmente nas alturas, são seus observados. Ela é a grande observadora de tudo, ela observa e cada gesto que vê, cada passo, cada ida e retorno entram na sua memória como informação especial para seus próximos ataques. Por ser predadora, ela age coletando informações e prospectando possíveis vítimas.

Vive nas alturas, vive soberanamente nos topos de montanhas, aonde poucos vão, olha por vezes aviões no céu e é nessas horas que se reduz a uma insignificância que a incomoda. Os aviões são os únicos predadores da águia: eles forçam nela a humildade – que nenhuma águia possui – e fazem os imensos pássaros lembrarem que aquele motor soa mais alto que o grito estridente que dão para assustar e marcar seu território tão vasto. Mas os pesados e barulhentos aviões passam rápido como chegam, e as águias fatalmente esquecem que existem aviões e olham de novo para baixo, achando que vivem nos tetos dos céus.

A agonia de toda águia é saber da imensidão do mundo. Por ver tanto e de tão longe, ela se dá conta de que há um mundo vasto. O mundo vasto é o outro inimigo da águia. Ela sabe, pela grandeza do mundo, que sua onipresença é relativa e que ela não pode ver e controlar tudo. Nessas horas a águia gostaria de ser uma avestruz e poder enfiar a cabeça em um buraco imenso, onde estão apenas minhocas velhas e subterrâneas. Mas a águia não é avestruz e ela no fundo se ressente disso e recolhe-se no cume daquela montanha, onde não moram avestruzes e onde as minhocas não sobrevivem por falta de ar. No mundo das alturas, onde tudo é tão rarefeito, a águia permite-se fechar por um minuto seus poderosos olhos e sonhar, sonhar, sonhar... sonhar que é ser da terra e que ser águia devia ser uma tarefa de maior leveza.