Tacadas
Hoje tive um dia de pai. É que resolvi fazer um passeio a dois com meu sobrinho Ângelo (5 anos, na foto). Fomos ao cinema, depois jogar golfe no Aeroclube (e eu lá sabia que jogava-se golfe por aquelas bandas?) e depois inevitavelmente McDonald's (juro que tentei dissuadi-lo, principalmente depois de ter assistido Super Size Me, mas sem sucesso; ele queria a todo custo o bendito cachorrinho do McLanche Feliz). Bem, o passeio foi divertido, mas valeu mesmo pela reflexão que lhes conto agora: logo na saída de casa, meu amigo Vinis me alertou que eu seria olhado de forma diferente nos locais por estar acompanhado por uma criança. E fui mesmo. Para todo mundo eu era o pai dele, para todo mundo eu estava ali representando o papel que todos esperam que eu desempenhe. Eu, um homem de trinta anos. Não vou mentir que gosto de sentir-me legitimado (aliás quem não gosta?), mas a sensação é estranha, devo admitir também. As pessoas esperam coisas de você. Essa legitimização te põe numa 'zona de conforto' onde não há confrontações ou expectativas frustradas, simplesmente porque você segue o padrão. Isso de alguma forma agrada e desagrada, porque quando o oposto está em questão, o que ocorre, na maioria das vezes, são atos de hostilidade por você não estar seguindo esses padrões ditos normais.
Pois bem, estávamos nós já no último dos 16 benditos buracos de golfe onde Ângelo deveria acertar a bendita bola e ficamos sabendo através do instrutor que, acertando aquela última, teríamos direito a um bônus extra.
- Por que você não pede ao seu pai para jogar essa? - disparou o rapaz.
Aquilo soou tão bem aos meus ouvidos, que a vontade era mesmo de não falar nada e deixar que ele achasse que eu era de fato o que ele e todos esperavam e achavam que eu era, o pai de Ângelo.
- Ele não é meu pai não, é meu Dindo. - disse o menino, com sinceridade e orgulho, pondo-me imediatamente no meu lugar.
Não posso negar que estremeci ao ser chamado de pai. Não pela legitimação de que falo acima, mas pelo prazer mesmo gerado pelo som destas três letrinhas juntas. Bem, os nomes meus filhos já têm (vide a lista das 100 coisas, número 22). Alguma mamãe aí se candidata?
Pois bem, estávamos nós já no último dos 16 benditos buracos de golfe onde Ângelo deveria acertar a bendita bola e ficamos sabendo através do instrutor que, acertando aquela última, teríamos direito a um bônus extra.
- Por que você não pede ao seu pai para jogar essa? - disparou o rapaz.
Aquilo soou tão bem aos meus ouvidos, que a vontade era mesmo de não falar nada e deixar que ele achasse que eu era de fato o que ele e todos esperavam e achavam que eu era, o pai de Ângelo.
- Ele não é meu pai não, é meu Dindo. - disse o menino, com sinceridade e orgulho, pondo-me imediatamente no meu lugar.
Não posso negar que estremeci ao ser chamado de pai. Não pela legitimação de que falo acima, mas pelo prazer mesmo gerado pelo som destas três letrinhas juntas. Bem, os nomes meus filhos já têm (vide a lista das 100 coisas, número 22). Alguma mamãe aí se candidata?
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Quase esqueço: antes de sair com me sobrinho, eu já estava sensibilizado com a leitura de Grávido, que me deixou pensando muito nas questões paternas.
Quase esqueço: antes de sair com me sobrinho, eu já estava sensibilizado com a leitura de Grávido, que me deixou pensando muito nas questões paternas.