[construção]
A visão é de um prédio em construção, arestas a aparar, tijolos à vista, e eu o único engenheiro, o único possível futuro morador, o único responsável, o único que vê o prédio por fora, por dentro e o conhece como ninguém. Por conhecê-lo tão bem, reconheço bem as arestas, o sonho que representa, e se às vezes o olho com esses olhos de menino-sonhador, em direção a sua verticalidade que, eu sei, nunca será suficiente para chegar aos céus, é porque foi esse sonho que me deu forças até aqui. Mas como não é o céu que desejo - esse céu inalcançável só me serve de inspiração - ponho-me de pés bem fincados no solo, e olho o relógio a cada hora, pedindo a Deus que mande mais cimento, agora as tintas e por fim a fita vermelha, pronta para ser cortada no dia 21 do mês que vem.
Fase final da dissertação, gente. Rezem por mim.